quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Educação de Jovens e Adultos - necessidade ainda maior com o aumento de perspectiva de vida.

A Educação de Jovens e Adultos vem sendo discutida no Brasil há muito tempo: pelo menos desde a transição do regime imperial para a república, ou seja, período que se estende do final do século XIX até o início da república. Depois desse período a discussão ficou ainda mais acirrada com as denúncias do pernambucano Paulo Freire na década de 60 do século passado quando o mesmo falava sobre o mal do analfabetismo adulto no Brasil.
No início do século XX, pasmem os leitores desta crônica, o Brasil tinha 75% de analfabetos entre a população de 15 anos ou mais. Isto comprometia a inserção do país nos processos de industrialização e urbanização recorrentes na época.
Desde a década de 40 do século passado o Brasil tem tido inúmeras campanhas e organizações que promovem a Educação de Jovens e Adultos estando, porém, sempre submetidas às intenções de caráter político-ideológico, inerentes às tensões e disputas entre classes sociais. Atualmente isto tenta ser minimizado com a abordagem do letramento, ou seja, aprender a leitura e escrita de forma a fazer uso social e crítico das mesmas e não como mero aprendizado mecânico sem aplicação na vida cotidiana.
Ainda assim, temos um número próximo de 13 milhões de analfabetos puros no país, ou seja aqueles que não sabem nada de leitura ou escrita e um número também muito grande de analfabetos funcionais. Os analfabetos funcionais são as pessoas que têm menos de quatro anos de escolaridade e aprenderam a ler e a escrever de forma mecanizada não conseguindo interpretar ou escrever de forma crítica. O Estado de São Paulo, em matéria de setembro deste ano de 2010, informou que em cada cinco brasileiros um é analfabeto funcional sendo que o número de analfabetos no Brasil é de aproximadamente 15 milhões de pessoas que equivalem a 9,7% de nossa população.
As eleições estão chegando e quem atua com a Educação de Jovens e Adultos analfabetos se preocupa pois se tantas pessoas não sabem sequer ler e escrever como poderão analisar de forma crítica as propagandas (?) políticas que vimos nos últimos meses.
O Brasil apresenta uma proporção de pessoas de mais de 60 anos muito maior do que em décadas passadas. Isto significa que o padrão de políticas governamentais e de organizações civis e populares têm que assumir uma posição urgente sobre tal situação de analfabetismo.
Uma das vantagens desse aumento da população mais velha, mais madura e mais consciente é que mais pessoas poderão defender as causas justas desta nossa época como o plantio de árvores, a minimização do uso de materiais que poluem o ambiente, a alimentação mais saudável, entre outros aspectos. Que saibamos votar naqueles que assumirão conosco o compromisso de um país de pessoas mais velhas e nem por isto menos cultas, menos ativas e menos importantes socialmente falando.
Kátia Coutinho

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