domingo, 1 de agosto de 2010

Sobre Meditação Vipassana - Lino Guedes Pires

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A prática da meditação da Visão Interior (Vipassana) tem se popularizado no mundo todo, mesmo dentro do mundo budista que durante séculos a havia esquecido. A meditação, ou cultivo da mente, é parte importante do Caminho para a Felicidade, ou Caminho da Libertação do Sofrimento, ou ainda, parte importante da Nobre Senda Óctupla. Este Caminho tem três pistas que são trilhadas concomitantemente: Metta, a prática do amor, da caridade. Sila, a prática da moralidade, ou seja, a prática de se evitar sofrimentos a si próprio e a outros seres e Bhavana, a prática do cultivo da mente. Aqui, nos ateremos principalmente à esta, à Bhavana.


Bhavana, ou cultivo da mente, consiste em todo e qualquer esforço destinado a tornar a mente capaz de perceber a realidade como ela é e para isso existem várias práticas. No entanto, a prática conhecida como Vipassana é a mais conhecida pois foi através desta prática que Siddhata Gotama, o Buda, tal qual se pronuncia em sua língua natal, o Páli, atingiu a Iluminação Suprema.

À justa medida em que é praticada, o praticante vai, ora mais lentamente, ora mais rapidamente, dependendo de seu desenvolvimento mental e espiritual anterior, vai, como dizia, desenvolvendo qualidades e potenciais mentais e do corpo. Vai tendo visões interiores que lhe mostram soluções para seus vários problemas e naturalmente sua vida vai tornando-se cada vez mais rica, mais abençoada. Embora simples em sua concepção, a Meditação Vipassana apresenta ao meditador inúmeros detalhes, inúmeros obstáculos que à medida que são superados adequadamente, vão conferindo aquisições ao meditador que vai cada vez mais superando as dificuldades naturais da vida, as dores, as angústias, a pobreza. Durante inúmeras vidas Buda dedicou-se a trilhar a Nobre Senda Óctupla e portanto, não foi sem motivo que nasceu em uma família riquíssima, a família do Imperador de um país dos mais desenvolvidos de sua época. Da mesma forma, ao praticarmos a meditação Vipassana, vamos enriquecendo nossas vidas em todos os sentidos. Ou seja, a vida do meditador vai paulatinamente tornando-se mais rica tanto material, quanto social e espiritual e assim, naturalmente, chega um dia, nesta vida ou em outras futuras, dependendo do esforço já investido pelo meditador que de tão rico, pode dar tudo o que tem, como o fizeram Buda e muitos outros ascetas, que nada lhe faltará. Da mesma forma, poderá tornar-se um monge, um asceta.

Meditando, o meditador liberta-se inicialmente das mazelas mais torpes deste mundo tais como a falta de recursos materiais, a falta de saúde física e mental, as dificuldades sociais, alcança um melhor desempenho profissional, melhoria no relacionamento, uma calma mais profunda, mais compaixão e um nível de atenção mais e mais aguçado, com a conseqüente destruição de todas as impurezas mentais, de todas as formações mentais doentias, geradoras de sofrimento, do egoísmo, da ignorância e da violência até que finalmente liberta-se deste e de todos os mundos, liberta-se da maldição do renascer. Finalmente atinge o Nibbana, a libertação de todo sofrimento, a Felicidade.

A meditação Vipassana é muito conveniente aos portadores de espírito científico, de espírito crítico, saudavelmente cético pois, com o é em todo o Budismo, não exige que se acredite em dogmas, é um convite à investigação. No entanto, exige uma certa predisposição e preparo para enfrentar o desconhecido, principalmente as imensas e abissais regiões interiores do espírito. Torna-se necessário se arriscar, é preciso pagar para ver e se paga à própria vida e com a própria vida que dá em retorno o que foi prometido acima, a libertação do ciclo de renalscimentos, o Samsara, o Nibbana, a libertação de todo sofrimento, a Felicidade Eterna.


Durante o trilhar da prática Vipassana, vamos nos aperfeiçoando em nossas práticas de amor, Metta e na ciência e arte de evitar o mal para si e para o próximo, seja esse próximo outro ser humano ou o mais miserável dos insetos. Com a prática investigativa surge a fé budista (Saddha), idêntica à fé do investigador científico ocidental. A diferença é que o meditador investiga seu interior com seus próprios sentidos e o invetigador ocidental investiga o universo com aparelhos.


Essas proposições dizem respeito a ambos, a natureza da realidade e o alcance do caminho. No esquema tradicional do treinamento Budista, a fé é colocada no início como um pré-requisito para os estágios subseqüentes que compreendem a tríade da virtude, concentração e sabedoria. Os textos canônicos não parecem contemplar a possibilidade de que uma pessoa carente de fé nos princípios doutrinários específicos do Dhamma possa se dedicar à prática da meditação de insight e colher resultados positivos. E no entanto, na atualidade, tal fenômeno tem se tornado amplamente difundido. É bastante comum que os meditadores façam o seu primeiro contato com o Dhamma através da prática intensiva de meditação de insight e depois usem essa experiência como a pedra de toque para avaliar o seu relacionamento com os ensinamentos.



A meditação Vipassana pode ser mais facilmente praticada dentro de um mosteiro budista, de um templo budista, mas no entanto pode ser praticada em qualquer ambiente. Buda a praticou na floresta e foi lá que alcançou a Iluminação Suprema. Da mesma forma que a floresta é violenta, também o é a Selva de Pedra de nossas cidades e assim,nada nos impede de alcançarmos a libertação total meditando com seriedade nas selvas de nossas megalópole.

Não é necessário uma plena aceitação prévia da doutrina Budista para a prática do Caminho da Libertação do Sofrimento, da Nobre Senda Óctupla. A Correta Compreensão (samma dithi), portanto, é sempre fruto da vivência meditativa e não de explicações de monges ou gurus, terapeutas, analistas etc, por mais que estes nos sejam úteis em várias situações, frente às dificuldades que enfrentamos na vida.

É bom que se deixe claro que os ganhos provenientes da prática da meditação Vipassana não são puramente intelectuais e sim de uma natureza muito complexa em termos de conhecimento, o que envolve tudo o que o ser humano conhece. No entanto, abstemo-nos de falar dessa enormidade de conhecimento para nos concentrar na descoberta e no trilhar da Nobre Senda Óctupla, o Caminho que Leva à Libertação, à Felicidade Eterna.


Clique aqui para saber mais sobre a Meditação da Visão Interior, Vipassana Bhavana.



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