sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

MAS QUE PAÍS É ESTE?

     A literatura internacional tem uma célebre frase do personagem shakespeariano, príncipe Hamlet. Hamlet disse que havia algo de podre na Dinamarca. Bem, é certo que deve haver, nenhum país é perfeito. Mas, diferentemente do Brasil, a Dinamarca é um país com elevado nível de igualdade na distribuição da riqueza e muito bem conceituado nas questões saúde, assistência social e educação para seus 5 milhões de habitantes.
 
     Se pudesse parafrasear Hamlet em sentido interrogativo eu diria – Será que ainda há algo ou pessoas não podres no Brasil? Bem, é também certo que deve haver.

     Esta frase me surge agora, neste momento em que escrevo este artigo para publicá-lo em algum blog, ou quem sabe até criar um blog onde eu me inscreva como brasileira e como desejante de um país sério.

     Estou realmente indignada e envergonhada. Sinto vergonha de ser considerada cidadã de um país que as pessoas chamam de terra de traficantes, viciados, bandidos, políticos sem ética e corruptos até o fundo das calças e agora, hoje, pasma li sobre a frase que Boris Casoy está chamando de infeliz quando na verdade me parece muito mais uma frase que revela o que este homem, até ontem jornalista e articulista sério e comprometido com a verdade e com a igualdade brasileira (eu assim pensava) é realmente – um lixo.

     Vou explicar. O que este lixo faz ao iniciarmos 2010? Estando ele em TV aberta, observa uma gravação de dois ou mais garis desejando felicidades a todos em 2010. E nosso sério jornalista, digo, nosso lixo comenta com alguém de sua equipe algo mais ou menos assim: “Mas que merda. Garis desejando felicidades do alto de suas vassouras. Dois lixeiros, o mais baixo grau da escala de trabalho. Depois disso, desculpa-se dizendo que fora uma frase infeliz. Infeliz é o povo deste nosso país que tem que conviver e as vezes até acalentar sonhos de que as pessoas são boas do ponto de vista social, são éticas do ponto de vista humano, são sérias e compromissadas do ponto de vista trabalho.

     Sou brasileira há muito tempo, 54 anos e foi neste país que criei meus filhos e enterrei meu pai e avós. Foi neste país onde existe uma escala de graus de trabalho...se houver algum economista por aí, que me indique onde ela está publicada para que eu possa ver em que grau estou. Se a pergunta for feita ao Casoy penso que ele responderá que estou muito próxima do grau dos garis. Sou só professora. E do alto dos meus braços e mãos manchadas de giz, eu também desejo felicidades aos bons brasileiros.

     Enfim, sinto-me cansada de tantas e tantas vergonhas, tanta corrupção e impunidade, tanta falta de humanidade e sensibilidade nos cidadãos brasileiros que mais deveriam ser tidos como exemplo.
E falam dos jovens. É, uma geração mais do que transviada, uma geração que nem se transvia pois não tem olhos para ver o que não existe para eles...exemplos, caminhos, esperança de viver além do lixo.

     Já que voltei ao lixo, uma boa pena para a frase “infeliz” poderia ser um ano de convivência com seus pares mais próximos.
Os lixeiros? Não, esses ou muitos desses estão anos-luz além do lixo Casoy. Ele deveria mesmo conviver com o lixo, com material em putrefação, com tudo que há de mais podre na humanidade insensível e antes de pedir desculpas pela frase, ir buscar bem dentro dele o lixo que deve ser posto para fora.

     Sou brasileira. Quero e me permito exigir um país sério.
Pensem comigo, me ajudem a pensar em como transformar isto em realidade. O conto de fadas acabou há séculos para nós.
Lixo deve conviver com lixo. Mas se houver alguém que possa juntar-se a mim nesta indignação extrema e pensar juntos como não mais sermos inocentes e enganados...estarei esperando para juntarmos forças e vontades.

KÁTIA REGINA ROSEIRO COUTINHO

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3 comentários:

Lino Guedes disse...

Boris Casoy, isto é uma vergonha. Também é uma vergonha o que o senhor permitiu que ao presidente Lula. É uma vergonha que o senhor pense que os garis lhe são inferiores, logo eles que limpam a cidade ao contrário de pessoas como o senhor que a sujam com sua ignorância do valores humanos.

O que diz o senhor da censura à qual está submetido o jornal o Estado de São Paulo que por ordem do Supremo Tribunal Federal não pode fazer reportagens sobre a família Sarney? Calar-se é uma VERGONHA!!!

Andréa Vilela disse...

Continuo em sala de aula porque acredito nos Valores Humanos adquiridos através da interação, pois já não creio que o conhecimento modifique comportamentos, afinal, que grau de conhecimento o Boris Lixo Casoy tem?
Sei que anseia um comentário positivo, mas infelizmente chegamos ao fundo (e nem ouso nomeá-lo). A História desse país é tecida de mentiras, e tudo que começa mal... no fundo torço para que consigamos mudar o final, mas a realidade é implacável como você tão bem relatou.

Laisson Thomas disse...

Essa lamentável situação reflete a mais profunda miséria intelectual. É hipocrisia. Hipocrisia da sociedade na qual crescemos e convivemos e a "pessoal", a que exibe cruelmente que nem sempre a capa de seriedade, de respeito pelo próximo que desejamos passar a outros é o que temos em nosso interior. Lamentável! Em que ponto jornalistas hipócritas estão na "escala do trabalho?" Do alto de microfones da inveracidade, congratulações...